Bocados de Ar

Porque as palavras não passam de bocados de ar

domingo, abril 27, 2003


Affffffffffff...

Existe coisa pior do que conexão dial up?
Pois é, imaginei que não...

Outro dia volto. Perdi a paciência.

segunda-feira, abril 21, 2003


Das vacas e outros mamíferos

Há pessoas que se assutam quando eu chamo minhas amigas de "vaca" (ou "puta", whatever).
Pessoas, entendam, eu só chamo de "vaca" quem eu gosto muito, pessoas com as quais eu tenho intimidade para tanto.
Quem eu não tenho intimidade (ou não gosto), eu chamo de "querida" ou "fofa"...
Simples assim.

Escolhendo nossos irmãos

Não sei bem porque quis falar disso. Na verdade, sei, foi por causa de uma prima. Fui para a festa de oitenta anos de uma tia, neste feriado, em Goiânia (aquela sucursal do inferno...). Apesar de eu, via de regra, gostar de festinhas de família, esta foi especialmente chata. Muitos parentes desconhecidos (minha família é absurdamente grande). Um restaurante horrível. Milhares de pernilongos me comendo pelos tornozelos. Um calor miserável. Uma umidade tal que é uma afronta a qualquer cidadão brasiliense que realmente goste da secura habitual de Brasília (como eu). Este era o quadro. E eu lá. Enfim...
Dos poucos parentes que eu conhecia, a imensa maioria era de Brasília. Pessoas que, apesar de serem alvo da minha estima, só vejo em ocasiões sociais, tais como aniversário ou Natal. Dentre estes, tem uma prima, a Ju, que só vejo raríssimas vezes. Sempre que eu estou numa festa, ela não está. Ou vice-versa. Nesta, coincidiu de estarmos as duas.
Como a gente nunca se vê, fiz a tradicional pergunta "e você? como está? conte-me sua vida..."
E ela contou. Por horas. E contou detalhes que eu só contaria para minha melhor amiga. E eu, claro, dei conselhos. Acabou que ela quer que eu conheça o novo namorado para ver "o que eu acho dele".
Comentando, mais tarde, sobre essa conversa com a madrinha dela (claro que não falando o QUE conversamos mas o QUANTO conversamos), ela disse que era bom que a gente conversasse, qua Ju era uma pessoa muito sozinha, muito sem amigos e que ela não tem com quem falar da dúvidas existenciais dela, essas coisas...
Bem, por que toda essa história? Pelo seguinte:
Fiquei pensando na Ju, depois disso. Ela é uma garota de 24 anos, linda (mesmo) e super agradável. 1000 vezes mais simpática que eu. Talvez um pouco mais tímida, mas só um pouco. E não tem amigos. Não tem amigos. Como assim "não tem amigos"?
Não consigo conceber uma pessoa sem amigos. Sempre tive amigos. Vários. Às dezenas. Alguns mais próximos, outros nem tanto. Dentre eles, sempre houve alguns que eram os melhores, tipo pau para toda obra. E, dentres estes, sempre houve o melhor ou a melhor. Aquele que era uma parte de mim. Aquele que, mesmo tendo saído da minha vida, eu sempre vou amar.
Amigos, para mim, são irmãos. Costumo dizer que, se meu namorado me traísse com a minha melhor amiga, eu seria capaz de perdoá-lo. Mas nunca seria capaz de perdoá-la. Minha melhor amiga é uma parte de mim. Me conhece. Em tudo. E sabe disso. É a pessoa em que mais confio e sabe disso. É uma das pessoas que eu mais amo e também sabe disso. Não pode me trair. Nunca. Ou não merece todo o meu amor e toda a minha confiança.
Já fui traída por amigos? Já. Por um melhor amigo? Já. O que aconteceu foi que me afastei definitivamente da pessoa em questão. Mas não perdi a confiança na Amizade. Arranjei novos amigos e confio neles como se nunca tivesse queimado minha mão. Em se tratando de amigos, o provérbio "gato escaldado tem medo de água fria" não funciona comigo. Este gato escaldado aqui continua se jogando na água, com prazer.
Não sei como seria minha vida sem meus amigos. Acho que não seria. Não conseguiria passar por ela sem alguém ao meu lado. A minha tia disse que a Ju se apaixona muito rápido. E é verdade porque ela está saindo com esse novo namorado há menos de uma semana e já está completamente apaixonada. Acho que isso se dá pelo fato de ela não ter amigos. Não tendo em quem se apoiar, ela deposita todas as expectativas em quem se aproxima, no caso, o namorado.
Vou ligar mais para ela. Para conversar, para saírmos juntas, sei lá. Para ela desabafar. Para ela ter uma amiga.


Apesar...

take me by the hand
take me somewhere new
i don't know who you are
but i
i'm with you...


Não, não curto Avril Lavigne, mas esse pedaço de música é especialmente significativo...

quinta-feira, abril 17, 2003


Confesso

Enquanto estou aqui em meio a meus processos previdenciários, vi um pedacinho dessa novela das seis nova, "Agora é que são elas", e concluí uma coisa: definitivamente, NÃO gosto da Vera Fischer interpretando. Acho que ela interpreta muito mal e faz um trabalhozinho medíocre. Bonita, muito bonita, mas péssima atriz.
.
.
.
.
Tá, tá, agora podem jogar suas pedras.


Esmalte de unhas: nada mais que um estado de espírito

Hoje, pintei minhas unhas de vermelho-sangue. Imaginem como eu estou, então...


Curioso

Curioso como, depois de um tempo, as coisas perdem o valor...
Só o Tempo salva...


Vinícius

De todos, o poeta de quem eu mais gosto é o Vinícius de Moraes. Os poucos poemas que eu sei de cór são todos dele.
Um, em especial, me comove às lágrimas:

Eu não existo sem você

"Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor
Só é bem grande se for triste
Por isso, meu amor
Não tenha medo de sofrer
Que todos os caminhos me encaminham pra você
Assim como o oceano
Só é belo com luar
Assim como a canção
Só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem
Só acontece se chover
Assim como o poeta
Só é grande se sofrer
Assim como viver
Sem ter amor não é viver
Não há você sem mim
E eu não existo sem você"

segunda-feira, abril 14, 2003

Por quê?

Por que que coisas que não deveriam machucar, às vezes, machucam tanto?

sábado, abril 12, 2003


Affffffffff...

Não é a coisa mais frustante quando você manda um monte de email para um monte de gente, fica aguardando, ansiosamente, a resposta de todos eles e ninguém responde nada?!?

quinta-feira, abril 10, 2003

Mais uma coisa...

Tem uma coisa que me faz mais bem do que todas as outras citadas abaixo, juntas:
A Chuva. Adoro chuva. Cheirar a chuva, sentir a chuva, andar na chuva, ver a chuva. Sou do tipo de pessoa que nunca terá uma guarda-chuva ou uma sombrinha na bolsa.
Mesmo quando você estiver indo trabalhar?
Mesmo assim. Adoro tomar chuva. O máximo que pode me acontecer é eu me molhar inteira. Mas disso eu gosto.
Bem, salvante quando eu estou com o cabelo escovado-e-com-chapinha, porque aí o meu cabelo derrete. Mas como essa é a exceção da exceção, nunca evito uma chuvinha. Para mim é sempre bem vinda. Especialmente, se estou estressada, cansada, irritada e todos os outros "adas" cabíveis aqui.
A chuva sempre me salva, é sempre a minha redenção.

E, de quebra, ainda me dá um Arco-Íris...

terça-feira, abril 08, 2003


Noites

Ganhei de um amigo...
(António, me espera que eu tô chegando!)

Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas,
só as de verão.
No fundo, isso não tem importância.
O que interessa mesmo
não são as noites em si,
são os sonhos.
Sonhos que o homem sonha sempre.
Em todos os lugares,
em todas as épocas do ano,
dormindo ou acordado.


Shakespeare



Gettin' bored

A humanidade, às vezes, me cansa. Especialmente, a "humanidade" que me cerca, vulgarmente conhecidos como amigos e parentes. A estes últimos temos que dar atenção especial.
Amo minha família. Amo mesmo. Não sei o que seria de mim sem eles. Mas, algumas vezes, eu sufoco. E, outras vezes, raras, mas não inexistentes, eu me canso. Em absoluto. Ao ponto de querer sumir do mapa. De respirar 100 vezes, beeeeeeeeem devagar, antes de tomar qualquer atitude. Há pouco, passei por um momento desses.
Nessas horas, poucas coisas restabelecem o meu pseudo-bom-humor.
Para crises medianas de mau-humor, basta encontrar alguns amigos e dar risadas, ou ir ao cinema. Depois disso, me torno uma nova pessoa. Mas, quando as crises atingem níveis estratosféricos, não tolero a presença de nenhum ser movente-e-pensante ao meu redor. Se for bípede, então, keep distance.
Aí, poucas coisas me colocam no meu eixo, de novo. Andar ao sol, de olhos fechados e sentindo o vento no rosto é uma delas. A outra é o céu azul de Brasília. Só o de Brasília. Aqui, principalmente na época da seca, o céu é de uma azul tão profundo que só vendo. Não tem nada comparável, nenhum azul que se iguale. Aí, eu deito na grama ou sento num banquinho qualquer e fico olhando para cima. Por horas. E isso me desestressa. Ir para o mato também relaxa. Muito. Mas é um pouco mais complicado já que eu não tenho uma fazenda só para mim perto de casa e preciso ir para a alheia.
Água também é bom. Como estou a léguas do mar, me basta uma piscina. Mergulhando eu não escuto a voz de ninguém. E sossego. Ou, até mesmo, um banho, no escuro, ouvindo música. Música. Com música eu também abstraio.
Mas, é sempre bom lembrar, que tudo isso é um processo de horas. Não me basta um simples banhozinho de chuveiro ou sentar por alguns minutos ao ar livre para me acalmar. Leva muito tempo para tudo passar.
Porque eu sou de Touro. E touros são animais ruminantes...

sexta-feira, abril 04, 2003

Crianças, crianças,

Aprendam,
Devagar também é pressa.

E, sempre que eu me esqueço disso e resolvo fazer tudo correndo, eu me estrepo...

Acabo de lançar uma nova série:

Família: estes estranhos seres que nos cercam

Capítulo I: A Surrealidade dos Pais

Meu pai acaba de se vestir de "xêique-árabe" para visitar um amigo que é... bem, árabe. Colocou uma fantasia que ele fez para a minha festa de aniversário de 20 anos: toga preta, um pano vermelho-e-branco na cabeça preso por uma corda cheia de nozinhos e uns óculos escuros. Completando com o cavanhaque que ele já tem, ficou um perfeito dono-de-poços-de-petróleo.
E vai sair assim, todo feliz, na rua. Na rua. NA RUA. No meio do povo.
Na atual conjuntura, tá perigando sofrer um atentado terrorista... ou ser linchado em praça pública...

Agora, me explica uma pessoa dessas...

Ê, lerê

E Galvão solta a pérola do dia:
"E eles não conseguem andar em linha reta... NA RETA!"

É, amigos, eu não sou obrigada. Definitivamente.

quinta-feira, abril 03, 2003


Toda bailarina
pela vida vai levar
sua doce sina
de dançar, dançar, dançar...


Então, acho que vou voltar a fazer balé. Mas, como? Com 22 anos? Depois de 10 anos sem fazer um mísero "pliezinho"?
Pois é, queridos, mesmo com todos estes entraves, quero voltar para o balé. E, isch alah, vou conseguir. O problema é, basicamente, tempo e dinheiro, não necessariamente nesta ordem. Mas vou dar um jeito
Desde do dia em que eu larguei o balé, eu me arrependi. Sempre ensaiei um retorno, mas nunca concretizei de fato.
Agora, uma amiga encontrou uma turma de balé para "adultos-iniciantes". Eu, definitivamente, posso ser considerada uma iniciante, já que estou há exatos 10 anos sem dançar.
E, uma das grandes paixões da minha vida vai voltar a fazer parte dela...


É, baby...

You gotta be
You gotta be bad, you gotta be bold
You gotta be wiser, you gotta be hard
You gotta be tough, you gotta be stronger
You gotta be cool, you gotta be calm
You gotta stay together
All I know, all I know, love will save the day

Porque quem é lindo, é lindo e pronto

"Cést la vie

Primeira estrela que vejo, realize meu desejo: desejo que o desejo dela volte a ser desejado. Que regresse do mar enluarado, encastelado naquele lado oculto do ser feminino. Intocável pelos olhos mas não pelo desejo de quem pede."

Aqueri, meu lindo, quer casar comigo?!? ;-)

Putz...

Ontem, por acidente, acabei assistindo "Amor à Primeira Vista", com Meryl Streep e Robert de Niro, beeeeeeeeeeem novinhos.
Adorei o filme. Fora que, putz, como o Robert de Niro era gato!


Aprendiz de Feiticeiro

Aí, a Kell e a Inguita me deram um livro de presente-de-formatura: O Cheiro de Deus, do Roberto Drummond. Parei de ler "O Vermelho e o Negro" do Stendhal e comecei a ler o presente. Logo de início, percebi que se tratava de realismo fantástico e eu, como absolutamente apaixonada-pelo-estilo-García-Marques-de-ser, já gostei, de cara.
Quando já passava um pouco da metade do livro, pecebi que ele tinha mais coisas em comum com o Gabriel García Marques, mais especificamente, com o "Cem Anos de Solidão", que eu sei praticamente de cór porque é O livro da minha vida.
Terminei de lê-lo ontem à tarde. Façamos algumas considerações a respeito:
É um livro legal. Acabei ficando com vontade de ler o "Hilda Furacão", que foi escrito pelo mesmo autor. Mas, não pude deixar de notar as inúmeras semelhanças entre O Cheiro de Deus e Cem Anos de Solidão.
Primeiro, as duas obras retratam a vida de uma família, Drummonds e Buendías, sob o foco do realismo fantástico (que, na orelha do "Cheiro..." é chamado de "realismo sobrenatural"), em cidades pequenas (Contestado e Macondo).
Os patriarcas de ambas as famílias (Vô Old Parr e José Arcádio Buendía), num certo ponto da história, passam a sofrer de loucura.
A matriarca (Vó Inácia Micaéla e Úrsula) é sempre muito forte e comanda não só a família mas a comunidade.
Na família, existe uma mulher absolutamente maravilhosa, diante da qual todos os homens perdem a noção de tudo (Catula e Remédios, a bela).
Também, existe um fantasma que acompanha a pessoa que o matou, conversando como se fossem amigos (Coronel Bim Bim e o fantasma Juvenço Dias e José Arcádio Buendía e o fantasma de Prudêncio Aguilar).
Nas duas famílias, os homens têm nomes curiosos: os Drummonds, têm nomes de uísque e os Buendía, repentem os nomes José Arcádio e Aureliano a todos os filhos que têm.
As duas famílias também mantêm a idéia fixa de deselvolver uma Odisséia, uma busca: os Drummond, a busca aos índios liliputianos, e os Buendía, a busca ao Mar.
Além disso, ambas as famílias têm constantemente a companhia de um cigano, Cigana Carmen e Melquíades.
O Incesto é ponto alto nas duas histórias. Os Drummond já iniciam relatando que sofrem da "febre do Incesto", e que vários tios, tias, primos e primas casaram entre si, além da suspeita de ter havido o mesmo entre dois irmãos. Entre os Buendía, existe o medo do incesto por crerem que seus filhos nascerão com rabo de porco. Mesmo assim, podem ser observados relacionamentos entre José Arcádio e Rebeca (que, apesar de ser um choque para a família, não é bem um incesto, visto serem irmãos de criação), Amaranta e Aureliano, que são tia e sobrinho, e Amaranta Úrsula e Aureliano, que são primos.
As duas famílias, ainda, têm um rival no comando da cidade: Drummonds X Coronel Bim Bim e Buendías X Moscotes.
Um homem muito mais velho se apaixona por uma criança e se casa com ela, Vô Old Parr com Vó Inácia Micaéla, que tinha 11 anos e Aureliano com Remédios, que ainda era impúbere e fazia "pipi na cama" quando foi pedida em casamento.

Essas foram as semlhanças que eu notei. Talvez haja mais que eu não tenha percebido. De qualquer forma, apesar de ser um livro bom, O Cheiro de Deus não chega nem aos pés de Cem Anos de Solidão. Roberto Drummond ainda tem que comer muito feijão-com-arroz para poder pensar em escrever algo parecido com Gabriel García Marques. É como um arremedo de uma obra-prima.
Bem, mas tudo isso é especulação minha. Não sei se Roberto Drummond realmente se inspirou em García Marques. É que, com tantas semelhanças, não pude deixar de pensar assim.
Mas, enfim, é um livro, pelo menos, engraçadinho de se ler. De leitura fácil e sem grandes complicações.