Bocados de Ar

Porque as palavras não passam de bocados de ar

domingo, março 28, 2004

O novo sempre vem

O engraçado é que essa já foi uma música que fez sentido para mim. A frase acima não é o nome original, dado pelo compositor, mas é o nome que, hoje, podendo escolher, eu daria a essa música (muito embora, o título real tenha sido, por longo tempo, o melhor -- e único possível -- para mim).
Essa música é daquelas que eu cantava e me perguntava como que ela não fazia parte da vida dos outros também. Que eu achava que tinha sido feita para mim e cujas frases nada mais eram do que berros da minha alma. Mas, isso passou, outras fases vieram na vida e, como ondas, outras músicas suplantaram essa dentro de mim. Das músicas antigas, sempre fica só a impressão carinhosa de que, por um período de tempo, a qualquer um que quisesse me conhecer, bastava escutá-las.
Daí, quando eu pensava que "Como Nossos Pais" não tinha mais nada a ver comigo, de estalo, resolvi cantá-la. E mais uma vez, num contexto absolutamente diferente do anterior, ela volta a fazer todo o sentido, em pedaços que, antes, eram só o complemento do todo.

Não quero lhe falar meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como vivi e tudo
Que aconteceu comigo
Viver é melhor que sonhar,
Eu sei que o amor é uma coisa boa
Mas também sei que qualquer canto
é menor do que a vida de qualquer pessoa
Por isso cuidado meu bem, há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal está fechado prá nós que somos jovens
Para abraçar seu irmão e beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço, o seu lábio e a sua voz
Você me pergunta pela minha paixão
Digo que estou encantada com uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade, não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento o cheiro da nova estação
Eu sei de tudo na ferida viva do meu coração
Já faz tempo que eu vi você na rua, cabelo ao vento,
gente jovem reunida
Na parede da memória essa lembrança
é o quadro que dói mais

Minha dor é perceber que apesar de termos
feito tudo que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Como nossos pais
Nossos ídolos ainda são os mesmos
e as aparências não enganam não
Você diz que depois deles não apareceu mais ninguém

Você pode até dizer que eu 'tô por fora, ou então que eu 'tô inventando
Mas é você que ama o passado e que não vê
É você que ama o passado e que não vê
Que o novo sempre vem
Hoje eu sei que quem me deu
a idéia de uma nova consciência e juventude
Tá em casa guardado por Deus contando vil metal

Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo que fizemos
Ainda somos os mesmos e vivemos
Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais


quinta-feira, março 25, 2004

O que fazer quando se percebe que a capacidade de sentir não existe mais?

sexta-feira, março 12, 2004

Don't cry for me....

Tenho chorado tanto, tanto. Por tudo e por nada. Essa mudança já está me estressando antes mesmo de ter sido feita.


E a Espanha, hein? Atocha. E pensar que, há dois meses, eu passava por aquela estação pelo menos 3 vezes por dia. Jesus...


quinta-feira, março 04, 2004

Das muitas personalidades -- considerações randômicas

Todos sabem que eu tenho mais de uma personalidade. Quem não tem certeza, seguramente, desconfia. Dentre elas, 3 são reconhecidas por mim e pelos que me cercam.
A dominante é a boazinha. Eu disse "é"? Corrigindo: era. Sério mesmo, não tô fazendo tipo, não. Era a preocupada com os outros, a que não queria magoar, a que sempre escutava "você tem que pensar mais em você... você nao pode resolver a vida de todos e blábláblá...". Quantas vezes eu escutei isso? Nem eu sei mais. Essa é a Boazinha (obviamente, minhas personalidades têm nomes, mas não vou colocá-los aqui). Posso divagar a respeito e desenvolver teorias de que ela era (ou é) boazinha porque era megalômana e que a megalomania vem da vontade de dominar tudo mas não vou fazer isso: ficarei na superfície e direi apenas que ela é boazinha e ponto. Ela viajou sendo a dona do pedaço e voltou ainda como acionista majoritária. Mas pecou por excesso de segurança, quando não prestou atenção ao desenvolvimento escondido da outra. A outra é a Má. Ela é ácida e cruel mas não é desumana -- essa é a terceira personalidade, e dessa não falarei. Ela não chega a ser desonesta ou sem escrúpulos mas ela é má. Ela é mais ela e, sobre coisas que ela não pode (ou não quer) resolver, ela prefere nem pensar, quem dirá despender energia. Dificilmente, ela tem crises de consciência (ao contrário da Boazinha), e vive bem consigo mesma. Às vezes, bem demais, chegando a excluir pessoas, sem mais explicações. Não sei explicar direito, mas é assim. Fato é que ela sempre existiu mas nunca chegou a se manifestar de forma tão intensa. Principalmente porque a Boazinha tomava conta de tudo, como uma erva daninha, e a asfixiava. As manifestações da Má se restringiam aos -- poucos -- momentos em que a Boazinha já estava cansada, muita cansada de uma situação. E, acredite, para a Boazinha cansar mesmo de algo, leva muito tempo. Por vezes, alguns anos.
Pois é. O problema é que eu tenho observado a aparição cada vez mais constante da Má. Quando eu vejo, ela já esta falando pela minha boca há horas, sem se importar com as conseqüências. E, quando eu consigo calá-la, o estrago já foi feito. Agora elas estão em pé de igualdade. Ou quase. E isso me amedronta. Principalmente porque ferir alguem, mesmo que seja para me defender, já não tem mais incomodado tanto quanto antigamente. Aliás, devo admitir, em algumas situações, causa, até mesmo, certo regozijo interior.
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Medo, muito medo.

Indecisão

Ia escrever, aí, desisti, aí, voltei, aí, desisti de novo. Acabou que perdi o fio da meada e não sei mais do que ia falar. Enfim...