Bocados de Ar

Porque as palavras não passam de bocados de ar

domingo, março 16, 2003


Quem diria...

E eu passei na prova da Ordem.
Ainda não acredito que já sou tida como uma advogada.

sábado, março 08, 2003


Estrelas

Uma vez, quando eu era bem pequena, minha tia me ensinou o seguinte versinho: "Primeira estrela que vejo, realize meu desejo" e aí você fazia um desejo à primeira estrela que avistasse no céu. Nessa época, eu era apaixonada por um garotinho que cursava a 1ª série comigo e, todas as noites, eu pedia ardorosamente para a estrela fazer com que ele me amasse. Depois de um tempo, uma outra tia me ensinou outro versinho: "Lua, luar, traz o ________ para me namorar...". Desde então, a estrela ganhou reforços, porque todas as noites eu pedia para que ela, junto com a Lua, fizesse que o tal garoto se apaixonasse por mim. Funcionou. Ele se apaixonou.
Enfim, fui crescendo, os garotos foram mudando e, por fim, os desejos passaram a ser mais do que querer que alguém se enamorasse de mim. Mas, o costume de pedir à Lua e às estrelas perdurou.
Ontem, estava voltando a pé do cinema, depois de ter assistido também a uma apresentação de MPB no Terraço Shopping. Enquanto cantarolava "Chega de Saudade", olhei para o céu e recitei o versinho para a estrela... mas, não soube o que pedir e acabei não pedindo nada.
Fiquei meio melancólica porque eu sempre tive algo que quisesse muito. Sempre tive algo que me movia e pelo qual eu nutria a mais profunda paixão. E, ontem, não consegui pensar em nada que me empolgasse a ponto de pedir para as estrelas.
Ainda não sei se o motivo de eu ter vacilado com o pedido foi o fato de eu ter tudo ou de não ter nada.

sexta-feira, março 07, 2003


Padrões e conceitos

Nesse feriado fui rotulada com dois adjetivos, por assim dizer: forte e cult. Não que isso tenha me incomodado porque, na verdade, não admito rótulos e, via de regra, não me importo com o que terceiros, porventura, pensam de mim.
Mas, de qualquer forma, fui considerada cult e forte. Por que digo isso? Porque, ao tomar conhecimento de que algumas pessoas me viam assim, eu ri. Ri por perceber o quão distantes da realidade elas se encontram. E a realidade, para mim, se concentra em o que EU penso ao meu respeito. Não sou forte. Cult, então, passo longe.
As pessoas, normalmente, me acham forte. Acham que defendo de forma ferrenha as minhas idéias e que, se necessário for, sou uma fortaleza. Me acham brava também. Especialmente, os que deram o azar de me conhecer durante períodos críticos de TPM ou nervosismo. Pois é, não sou brava e não sou forte. Quem me vê não entende que o que eu demonstro não é força mas, só, uma tentativa deseperada de me manter à tona. De respirar. Diariamente, a cada secundo, resvalo em abismos sem fim, e tudo que faço é tentar me manter à margem e não cair. Só isso. Não sou forte. Também não sou fraca. Por vezes, estou forte, o que é bem diferente. Em algumas situações, sou o muro de apoio e agüento qualquer pancada. Em outras, não. Em outras, tudo que eu quero é sumir, ou um colo que me aqueça. As pessoas são assim: inconstantes. E eu sou a Rainha da Insconstância.
Passemos ao 2º adjetivo: "cult". A este, cabe uma historinha prévia:
Sempre li muito. E nunca consegui fazer uma só coisa de cada vez. Assim, sempre aproveitei qualquer tempo livre para ler. Ando com o meu cachorro, lendo. Cozinho, lendo. Assisto televisão, lendo. Enfim, o que der para fazer, lendo, eu faço. Então, entrei na faculdade de Direito. E, muito embora tivesse vários professores bons, alguns eram beeeeeeeeeeeem canastrões. As aulas destes nada acrescentavam à minha vida e eu daria para tudo para não ter que assistí-las. Mas, infelizmente, na minha faculdade existia a malfadada "chamada" (ou registro de freqüência, como preferirem), e eu não tinha outra alternativa senão ir às malditas aulas. Então, eu ia. E levava um livro. Convenhamos que eu tenho mais o que fazer na minha vida do que ficar 1 hora e 40 olhando para o tempo. Com um livro, pelo menos, eu passava o tempo com algo interessante. Enfim, sempre estava lendo, então. Acabei influenciando uma amiga, que passou a fazer o mesmo. Ficávamos as duas lendo, enquanto o resto da turma tocava o terror. Eu nunca me incomodei porque quando leio eu abstraio de tal forma que pode cair uma bomba ao meu lado e eu nem vou ouvir. Mas isso acabou me valendo o título de pessoa cult, o que quer que isso queira dizer.
Bem, voltando à época atual, neste feriado fui ao Píer 21 assistir "O Crime do Padre Amaro" e encontrei com um colega de turma. Ele, ao saber que filme eu ia assistir (e depois de ter torcido o nariz para ele), falou para eu assistir "Adaptação", que era legal e que "era o meu estilo". Perguntei o que seria o meu estilo e ele riu com aquela cara "ah, você sabe...".
Quando saímos, a Pathy disse que eles (leia-se, "meninos da turma") nos consideravam cult e me lembrou de um outro episódio em que este termo foi utilizado em relação a nós duas.
Pobres colegas, me consideram tão cult... E não imaginam o quanto eu me considero ignorante. Como eu já disse, numa outra vez, quanto mais eu leio, mais eu vejo o quanto me falta ler. Quanto mais cultura eu adquiro, mais eu percebo o quão distante eu estou de, realmente, ser culta. Se soubessem o quanto eu me considero crua, ainda, não me julgariam tão culta...
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Cansei, vou ao cinema assistir ao filme da Sandra Bullock...