Padrões e conceitos
Nesse feriado fui rotulada com dois adjetivos, por assim dizer: forte e
cult. Não que isso tenha me incomodado porque, na verdade, não admito rótulos e, via de regra, não me importo com o que terceiros, porventura, pensam de mim.
Mas, de qualquer forma, fui considerada
cult e forte. Por que digo isso? Porque, ao tomar conhecimento de que algumas pessoas me viam assim, eu ri. Ri por perceber o quão distantes da realidade elas se encontram. E a realidade, para mim, se concentra em o que EU penso ao meu respeito. Não sou forte.
Cult, então, passo longe.
As pessoas, normalmente, me acham forte. Acham que defendo de forma ferrenha as minhas idéias e que, se necessário for, sou uma fortaleza. Me acham brava também. Especialmente, os que deram o azar de me conhecer durante períodos críticos de TPM ou nervosismo. Pois é, não sou brava e não sou forte. Quem me vê não entende que o que eu demonstro não é força mas, só, uma tentativa deseperada de me manter à tona. De respirar. Diariamente, a cada secundo, resvalo em abismos sem fim, e tudo que faço é tentar me manter à margem e não cair. Só isso. Não sou forte. Também não sou fraca. Por vezes,
estou forte, o que é bem diferente. Em algumas situações, sou o muro de apoio e agüento qualquer pancada. Em outras, não. Em outras, tudo que eu quero é sumir, ou um colo que me aqueça. As pessoas são assim: inconstantes. E eu sou a Rainha da Insconstância.
Passemos ao 2º adjetivo: "
cult". A este, cabe uma historinha prévia:
Sempre li muito. E nunca consegui fazer uma só coisa de cada vez. Assim, sempre aproveitei qualquer tempo livre para ler. Ando com o meu cachorro, lendo. Cozinho, lendo. Assisto televisão, lendo. Enfim, o que der para fazer, lendo, eu faço. Então, entrei na faculdade de Direito. E, muito embora tivesse vários professores bons, alguns eram beeeeeeeeeeeem canastrões. As aulas destes nada acrescentavam à minha vida e eu daria para tudo para não ter que assistí-las. Mas, infelizmente, na minha faculdade existia a malfadada "chamada" (ou registro de freqüência, como preferirem), e eu não tinha outra alternativa senão ir às malditas aulas. Então, eu ia. E levava um livro. Convenhamos que eu tenho mais o que fazer na minha vida do que ficar 1 hora e 40 olhando para o tempo. Com um livro, pelo menos, eu passava o tempo com algo interessante. Enfim, sempre estava lendo, então. Acabei influenciando uma amiga, que passou a fazer o mesmo. Ficávamos as duas lendo, enquanto o resto da turma tocava o terror. Eu nunca me incomodei porque quando leio eu abstraio de tal forma que pode cair uma bomba ao meu lado e eu nem vou ouvir. Mas isso acabou me valendo o título de pessoa
cult, o que quer que isso queira dizer.
Bem, voltando à época atual, neste feriado fui ao Píer 21 assistir "O Crime do Padre Amaro" e encontrei com um colega de turma. Ele, ao saber que filme eu ia assistir (e depois de ter torcido o nariz para ele), falou para eu assistir "Adaptação", que era legal e que "era o meu estilo". Perguntei o que seria o meu estilo e ele riu com aquela cara "ah, você sabe...".
Quando saímos, a Pathy disse que eles (leia-se, "meninos da turma") nos consideravam
cult e me lembrou de um outro episódio em que este termo foi utilizado em relação a nós duas.
Pobres colegas, me consideram tão
cult... E não imaginam o quanto eu me considero ignorante. Como eu já disse, numa outra vez, quanto mais eu leio, mais eu vejo o quanto me falta ler. Quanto mais cultura eu adquiro, mais eu percebo o quão distante eu estou de, realmente, ser culta. Se soubessem o quanto eu me considero crua, ainda, não me julgariam tão culta...
.
.
.
.
Cansei, vou ao cinema assistir ao filme da Sandra Bullock...