Bocados de Ar

Porque as palavras não passam de bocados de ar

segunda-feira, junho 28, 2004

Recado teleguiado

Sei que você não vai ler isso aqui. E que, em lendo, nunca vai achar que o recado é para você. Mas, quero escrever. E vou.
Não veja os seus defeitos em mim. Não faça isso porque eu admito muita coisa, mas isso eu não admito.
Sabe, eu tenho muitos defeitos. Muitos. Centenas. Milhares. Grande parte deles eu conheço. Sei que os tenho e luto diariamente contra eles. Alguns outros, devo ter mas não sei. Só os que me cercam os conhecem (ou reconhecem) e, se não me falam da existência deles, é por misericórdia e piedade da minha já tão atormentada alma. Outra coisa que eu sei que tenho são qualidades. Reconheço as que tenho e, principalmente, as que não tenho. Estas últimas, eu persigo também diariamente. Tentando, sempre, imbuí-las em mim.
Mas, mais do que as qualidades que sei que tenho e que não tenho e os defeitos que sei que tenho, eu sei os defeitos que eu NÃO tenho. E os seus defeitos fazem parte desse grupo.
Justamente, por reconhecer a imensa maioria dos defeitos que tenho, não admito que atribuam a mim defeitos que não são meus. Por motivos óbvios, não quero ser vista com mais defeitos do que os que eu realmente tenho. E acho um absurdo que você, além de não ver os seus próprios defeitos, de não olhar para o seu próprio rabo, ainda ache legítimo enxergá-los em mim. Ah, me poupe, tá? Me poupe.