Bocados de Ar

Porque as palavras não passam de bocados de ar

segunda-feira, junho 14, 2004

Visão panorâmica do meu quarto

Poucas são as vezes em que eu tenho consciência de mim mesma. Ontem à noite foi uma delas.
Quem entra no meu quarto se depara com o seguinte:
Ao abrir a porta, vê um espelho em forma de lua com um ETzinho ligado a um liquidificadorzinho em cima. Em cima da porta, tem dois anjos no estilo Rosso Fiorentino. Atrás da porta, um espelho grande com uma frase escrita a lápis-de-olho. Ao lado do espelho, um cabideiro com minhas milhares de bolsas penduradas, inclusive aquela laranja, muito laranja, inclusive o guarda-chuva rosa-choque, muito rosa-choque.
Depois desse impacto visual, entra-se no quarto. De cara, vê-se o meu armário que tem uma cantoneira com estantes. De cima para baixo, se vê o seguinte: 1ª estante - livros; 2ª estante - mais livros; 3ª - um bauzinho de madeira, Lola, minha boneca espanhola, dois cazaisinhos de dançarinos espanhóis, uma foto minha vestida de anjinho, cristais, uma bailarina de vidro, uma vaquinha de vidro com a língua para fora, um Pinocchio, um queimador de essências (não, não sei o nome disso), dois vidros de essências, uma garrafinha de Coca-cola com um lápis rosa da Helo Kitty dentro; 4ª - fotos, um dragão dourado, a bandeirinha brasileira que eu levei para a Itália, um buda, cristais, cristais, cristais, um galinho português, pirâmides de cristais, 2 gatinhos chineses dançarinos, uma tartaruguinha (a Charlotte), um potinho com I-Ching, um potinho cheio de cristais; 5ª - Anjo, vela com coraçõezinhos, um porta-incenso, anjo, anjo, cristais, imagens de Santo Antônio e de Nossa Senhora de Fátima, fotos; 6ª - um prato de cerâmica com três bolas barrocas em cima, um dicionário italiano, uma vela enorme de coração, uma gatinha no cesto, que parece real, a Flora, cristal, cestinho de metal que foi da minha vó; 7ª - mais livros. Daí, tem a cama, com um Tigrão de pelúcia, uma almofada amarela Smile e uma vermelha de coração em cima. Acima da cabeceira, tem um quadro de fotos de feltro amarelo, abarrotado de fotos e um móbile de Luas. No parapeito da janela, várias imagens de deuses egípicios e gregos, um filtro dos sonhos, livros e um cofre de porquinha-com-filhotinhos; em cima do DVD, três vaquinhas de pelúcia e, em cima da TV, uma caixinha de madeira entalhada e uma tartaruga de pelúcia; na parede oposta, outro quadro de fotos, dessa vez, azul e de ímãs. Os ímãs, por óbvio, são de bichinhos, corações e plumas cor-de-rosa. Ainda tem um baú cheio de postais à la 50's colados (eu que fiz) e outro com estrelas pintadas a óleo (também fui eu que fiz). Na escrivaninha, fotos, fotos, fotos, um castiçal de estrela e uma Dory que fala o baleiês.
Tudo isso fora a cortina rosa que eu mandei fazer para botar na porta do banheiro e todas as roupas e sapatos espalhados pelo quarto.
Não satisfeita, ontem, ainda colei vários postais dos quadros de Botticelli, Togores e Fiorentino e paisagens toscanas em volta do espelho que tem uma frase escrita a lápis de olho.
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Não, eu não sei viver num ambiente clean. Definitivamente.