Público
Daí, ontem, fui para a pré-estréia do filme "Do outro lado da rua", com a Fernanda Montenegro e o Raul Cortez.
Uma amiga-jornalista minha ganhou os ingressos e, me conhecendo e sabendo da minha fama de cinemófila (não, não é cinéfila. Longa história), me chamou para ir com ela. Fomos.
Chegamos lá, uma fila civilizada, tudo em ordem. Entrando, demos de cara com ela: Fernanda Montenegro. Linda, grande dama de uma calma placidez. O alvoroço em volta, fotos, autógrafos, tudo isso e ela lá, impassível. Não sei como é nas outras cidades, em que encontrar ator na rua é normal. Em Brasília, não é normal, então, quando acontece, é uma confusão. Aqui, normal é encontrar o Bersoini no Carrefour e o Sepúlveda Pertence comendo picanha no Faisão Dourado. Ninguém dá muita bola. Agora, encontrar com um global é digno de piti com direito a desmaios. Enfim, ela lá, dando autógrafos, fofa, gracinha.
Certo, entramos, sentamos. Houve os óbvios discursos do diretor, Marcos Bernstein, da produtora, Kátia Machado, dum representante da Caixa Seguros, que foi a principal patrocinadora do filme e, lógico, da Fernanda Montenegro.
Começa o filme. Como essa exibição em Brasília foi a primeira no Brasil -- antes, eles só tinham participado de Festivais internacionais -- ficaram todos para assistí-lo. Inclusive a Fernanda Montenegro. É aí que mora o problema. O público, sabendo que ela estava ali, tão pertinho, não se satisfazia em rir. Tinha que gargalhar. Não se conformava em só entender. Tinha que comentar, em alto e bom som, que tinha entendido. Não bastava sentir. Tinha que falar, com todas as letras, o que estava sentindo. Enfim, um inferno. Um I-N-F-E-R-N-O!
Eu, esse ser absolutamente tolerante com pessoas que falam no cinema, queria esganar o cara ao meu lado. Não entendo essa babaquice e senti vergonha de ser identificada como parte daquele público impertinente e tão sem-tato. Sim, porque, no fim, não se distingue quem é besta e quem não é. O público é. Ponto. Pensei até em sair da sala de projeção mas não o fiz por dois motivos: 1- logicamente, queria saber o fim do filme; 2- ia ficar a impressão de que tinha saído por causa do filme e não por causa do público (não que isso importasse a alguém além de mim). Fiquei. Irritada, mas fiquei até o fim. Depois, rolou um coquetelzinho, mas não ficamos muito tempo.
O filme? O filme é bom. Não é o melhor da minha vida, nem o da vida dela (da Fernanda Montenegro, claro), mas é bom. Um pouco previsível, saquei que era eutanásia desde o princípio, mas é bom.
Enfim, é só. Só queria desabafar toda a minha indignação :-)
Daí, ontem, fui para a pré-estréia do filme "Do outro lado da rua", com a Fernanda Montenegro e o Raul Cortez.
Uma amiga-jornalista minha ganhou os ingressos e, me conhecendo e sabendo da minha fama de cinemófila (não, não é cinéfila. Longa história), me chamou para ir com ela. Fomos.
Chegamos lá, uma fila civilizada, tudo em ordem. Entrando, demos de cara com ela: Fernanda Montenegro. Linda, grande dama de uma calma placidez. O alvoroço em volta, fotos, autógrafos, tudo isso e ela lá, impassível. Não sei como é nas outras cidades, em que encontrar ator na rua é normal. Em Brasília, não é normal, então, quando acontece, é uma confusão. Aqui, normal é encontrar o Bersoini no Carrefour e o Sepúlveda Pertence comendo picanha no Faisão Dourado. Ninguém dá muita bola. Agora, encontrar com um global é digno de piti com direito a desmaios. Enfim, ela lá, dando autógrafos, fofa, gracinha.
Certo, entramos, sentamos. Houve os óbvios discursos do diretor, Marcos Bernstein, da produtora, Kátia Machado, dum representante da Caixa Seguros, que foi a principal patrocinadora do filme e, lógico, da Fernanda Montenegro.
Começa o filme. Como essa exibição em Brasília foi a primeira no Brasil -- antes, eles só tinham participado de Festivais internacionais -- ficaram todos para assistí-lo. Inclusive a Fernanda Montenegro. É aí que mora o problema. O público, sabendo que ela estava ali, tão pertinho, não se satisfazia em rir. Tinha que gargalhar. Não se conformava em só entender. Tinha que comentar, em alto e bom som, que tinha entendido. Não bastava sentir. Tinha que falar, com todas as letras, o que estava sentindo. Enfim, um inferno. Um I-N-F-E-R-N-O!
Eu, esse ser absolutamente tolerante com pessoas que falam no cinema, queria esganar o cara ao meu lado. Não entendo essa babaquice e senti vergonha de ser identificada como parte daquele público impertinente e tão sem-tato. Sim, porque, no fim, não se distingue quem é besta e quem não é. O público é. Ponto. Pensei até em sair da sala de projeção mas não o fiz por dois motivos: 1- logicamente, queria saber o fim do filme; 2- ia ficar a impressão de que tinha saído por causa do filme e não por causa do público (não que isso importasse a alguém além de mim). Fiquei. Irritada, mas fiquei até o fim. Depois, rolou um coquetelzinho, mas não ficamos muito tempo.
O filme? O filme é bom. Não é o melhor da minha vida, nem o da vida dela (da Fernanda Montenegro, claro), mas é bom. Um pouco previsível, saquei que era eutanásia desde o princípio, mas é bom.
Enfim, é só. Só queria desabafar toda a minha indignação :-)
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