Bocados de Ar

Porque as palavras não passam de bocados de ar

sexta-feira, agosto 02, 2002


Lembranças infantis.

Dia desses, estava conversando com minha mãe sobre crianças que têm amigos imaginários, quando ela disse: "Mas você também teve. A Bruxinha..." e eu "é mesmo, nem lembrava mais."
Pois é, fui dessas crianças que teve amigo imaginário. Depois que minha mãe falou, lembrei de tudo, tudo... No meu quarto tinha um armário azul, desses de metal, onde minha mãe guardava sabe Deus o quê. Atrás desse armário, tinha uma caverna bem ampla, escura e alta. No meio dessa caverna, tinha um caldeirão bem grande, que era constantemente mexido por uma bruxinha. Ela era pouco maior que o caldeirão, usava uma saia tipo balão e um chápeu pontudo enorme. Lembro de não conseguir ver o rosto dela, só dava prá ver a silhueta dela com o caldeirão. Mas, mesmo assim, batíamos altos papos.
Minha mãe conta que eu a apresentava para todo mundo que ia lá em casa. Eu só lembro de um cara barbudo que, segundo minha mãe, era um amigo do meu padrinho, que na época morava com a gente. Ele sentava no chão comigo e conversava com minha amiga, como se ela também fosse amiga dele.
Depois de um tempo, não sei se porque eu cresci ou se porque minha amiga resolveu ir embora mesmo, a bruxinha despareceu...
Nunca pensei em desenhá-la ou pintá-la, mas meu irmão me deu essa idéia, esses dias. Então é isso, vou pintar minha amiga e, se der, mostro prá vocês...