Bocados de Ar

Porque as palavras não passam de bocados de ar

segunda-feira, agosto 19, 2002


E tudo volta a ser como d'antes, no quartel de Abrantes...

Antes de tudo, quero dar graças por tudo ter voltado ao seu eixo normal... Já estava ficando cansada de fingir que tudo estava bem, quando nós sabíamos que não estava. Você sabe (lá vem a mania de numerar coisas): 1- não finjo bem; 2- canso rápido de coisas desagradáveis; 3- te amo, você faz parte da minha vida, é minha melhor amiga, meu diário vivo, minha confidente eterna...
Uma vez li uma entrevista da Ana Paula Arósio em que ela dizia "não raro o sentimento que tenho por um amigo supera o que tenho por um namorado"... Entendo tanto isso, sou exatamente desse jeito. Meus amigos são meus anjos, minha base, meu porto seguro e não têm o direito de querer sair da minha vida assim, de supetão (e a crise megalômana ataca).
Sofro quando as pessoas resolvem sair da minha vida, odeio o inusitado e as mudanças radicais (como você também sabe)... Levo um tempo para me acostumar com elas e nem sempre sei se estou disposta a isso... Ainda bem que não foi dessa vez...
Como já te disse, já superamos a crise do dois anos... agora, só com sete. E, para desgosto de uns gatos pingados soltos por aí, continuamos amigas, irmãs, almas fraternas...
Lamento por quem nunca foi amigo de alguém, como nós somos uma da outra- essa pessoa não amou acima de tudo... Porque a amizade é isso: querer o bem de alguém, só o bem, sem a exaltação típica do amor pelo sexo oposto. A amizade não precisa ser posta à prova, não precisa se exibir... Ela existe além de tudo isso, ela é auto suficiente, ela vive por si só...
Ninguém nunca definiu o que é ser amigo melhor do que Aristóteles, "Amigos são uma alma em dois corpos"...
Então, obrigada por ser minha amiga, me aturar na TPM (qualidade de poucos), me aturar fora da TPM, aturar minhas crises de possessividade e demonstrações de ciúme, me escutar, me escutar, me escutar, falando 15 vezes a mesma coisa, de formas diferentes, mas sempre a mesma coisa (como toda boa prolixa que se preze), obrigada por rir do meu mau-humor, me mostrando o quão ridículo ele é e me fazendo rir também, obrigada por não rir do meu mau-humor, quando você percebe que a situação é séria e que eu estou sofrendo com ela, obrigada por falar, falar, falar, quando eu preciso ouvir, obrigada por me fazer rir a noite toda, até o sol raiar, até o dia útil começar e nós vermos que já tem gente na aula de tênis e nós ainda estamos falando, "eita, são 8:30, eu tenho que dormir, eu tenho que trabalhar...", obrigada pelas confidências, por me permitir admitir meus sentimentos mais mesquinhos e inconfessáveis, sem me julgar em nenhum momento, obrigada pelo olhar de quem entende o que está acontecendo sem ter que perguntar, obrigada pelos papos em tom de desabafo sobre amores passados e expectativa de futuros amores, obrigada por chorar pela minha tristeza e, o que é o mais difícil para a maioria, sorrir e vibrar com a minha felicidade, enfim, obrigada por participar da minha vida, obrigada, obrigada, obrigada...

P.S.: Sim, este é um post pessoal e direcionado. A destinatária vai reconhecer o nome dela, porque ele está escrito em cada palavra colocada aqui... Mas se você se identificou com ele, tudo bem, sinal de que você também tem a sorte de ter uma luz ao seu lado...