Bocados de Ar

Porque as palavras não passam de bocados de ar

segunda-feira, agosto 19, 2002

Insônia- só para quem já assistiu

Aí, ontem, eu assisti "Insônia", com Al Pacino ("Perfume de Mulher", "O Poderoso Chefão", "Donnie Brasco", "Advogado do Diabo"), Robin Willians ("Sociedade dos Poetas Mortos", "Uma Babá quase Perfeita", "Patch Addams"), Hilary Swank ("Garotos Não Choram") e direção de Cristopher Nolan, responsável, anteriormente, por "Amnésia"...
A sinopse do filme que eu tinha lido dizia mais ou menos o seguinte "policial mata parceiro ao investigar homicídio e passa a ser chantageado pelo criminoso, que viu tudo". Não é bem assim, ou melhor, não é só isso. O policial (Al Pacino) realmente mata o parceiro e o criminoso realmente vê tudo, mas o que ele faz não é uma simples chantagem. Na verdade, o criminoso (Robin Willians) se vê como um igual.
Explico: ele diz que matou a garota (crime, este,que o Al Pacino está investigando) por acidente, mesmo tendo espancado por 10 minutos até a morte. Então, ele arruma algo em comum com o personagem do Al Pacino: ambos teriam matado sem querer. Ele se abre com o policial, e espera que o policial faça o mesmo...
Tudo isso se passa no Alasca, no período em que não existe noite (este período, que até tem um nome, mas que eu não me lembro qual é, dura, se não me engano, 6 meses) e, durante os 4 ou 5 dias que o policial passa lá, ele não consegue dormir, por isso o filme se chama "Insônia". É uma analogia legal, porque o que se percebe é que ele não dorme, não por ser sempre dia, mas por estar atormentado com a morte do parceiro... Aliás, o sono que o Al Pacino demonstra tão bem no filme me deu gastura. É aquele sono que incomoda, que irrita de tão violento que é. Até eu fiquei com sono...
E, apesar de uma amiga que também viu o filme achar que o Robin Willians não fica bem como vilão, eu acho que ele se encaixou no papel perfeitamente. Ele tem uma cara de bonzinho que é a ideal para um cara amoral como o assassino em questão. Sim, porque ele não é imoral, ele não entende o crime que cometeu, aliás para ele não foi um crime, foi um acidente. E o R. Williians está perfeito. Ele chega a ser ingênuo, de um cinismo tão ingênuo, não sei explicar direito, que faz você ter raiva do personagem...
Filme bom, muito bom, que termina com uma lição de moral oportunamente dada, um clichê que não é clichê.
Assistam para podermos discutí-lo.