Bocados de Ar

Porque as palavras não passam de bocados de ar

quarta-feira, dezembro 04, 2002


Eu gosto de observar pessoas. Especialmente como elas se portam quando na presença de outras pessoas, de forma forçosa. No elevador, por exemplo.
É curioso como as pessoas se sentem desconfortáveis por serem obrigadas a compartilhar aquele pequeno espaço com desconhecidos. Via de regra, olham para baixo. Ou para o marcador de andares.
Eu não. Eu olho bem para todos que estão ali. Me nego a ficar olhando para os meus pés, como um obediente servo. Olho para o rosto de todos, muito embora ninguém retribua meu olhar.
Não entendo qual o grande constrangimento em ficar menos de 5 minutos num lugar com um estranho. Mesmo que tenha que ser num espaço absolutamente diminuto como um elevador. Para mim é algo tão normal quanto ter que ficar numa fila, também com estranhos ou ir a um restaurante, onde estarei cercada por estranhos. C'est la vie.
Mas as pessoas não vêem da mesma forma. Se constragem, se retraem, como se alguém ali dentro estivesse na iminência de lhes causar algum mal. Ou como se todos os outros fossem seres sujos ou doentes, nos quais não se pudesse encostar.
Vai entender. acaba que eu saio do elevador rindo do contentamento demonstrado por todos ao poder deixar aquela situação tããããão embaraçosa e voltar para suas corridas vidinhas medíocres.