Bocados de Ar

Porque as palavras não passam de bocados de ar

quarta-feira, dezembro 04, 2002


Aliás, falando em elevadores, deixe-me contar um fato estranho.
Não tenho medo de elevadores. Nunca tive. Sempre morei em prédios, então elevadores fazem parte da minha vida. Nos últimos, sei lá, 15, 16 anos, moro no 6º andar de um edifício, então elevadores REALMENTE fazem parte da minha vida, já que não sou nenhuma empolgada ao ponto de subir até a minha casa pelas escadas. Quando, porventura, falta luz, é um suplício. Escalar pela escada, no escuro, até chegar em casa é praticamente um parto.
No entanto, nos meus sonhos, eu tenho medo de elevador. Sempre. Aliás, medo, não. Pânico. Pavor.
Não sei porquê. Que eu me lembre, não tenho nenhum trauma infantil em que elevadores estejam envolvidos. Mas é recorrente eu sonhar que estou em um elevador com defeito. Ou ele desce rápido demais, ao ponto de eu descolar do chão, ou ele sobe muito rápido, para logo depois descer, também muito rápido, e eu tenho que me segurar para não perder o equilíbrio, ou ele pára em meio à parede, e eu não tenho como sair.
As possibilidades são infinitas e só têm uma coisa em comum: eu invariavelmente estou apavorada.
Assim que eu acordo, ainda fica um pouco da angústia do sonho, mas depois passa.
Eu queria entender o porquê disso.
No dia em que eu tiver dinheiro para fazer análise, acho que essa vai ser uma das primeiras coisas que o analista vai ter que me explicar.